Guia Básico de Proteção Auditiva

Guia Básico de Proteção Auditiva

Fazemos parte da construção de um mundo dinâmico, em que, diariamente, as pessoas se expõem a diferentes sons, de alta frequência, moderada ou baixa. Quando são incômodos se chamam barulhos. Os barulhos se misturam e não ouvi-los é impossível. Mas o que fazer quando trabalhar em ambiente ruidoso faz parte das atividades laborais? Neste caso, é possível usar Equipamento Individual de Proteção (EPI) para proteger um dos nossos sentidos mais importantes: a Audição.

Ao processo de perda auditiva por constante trabalho sob ruído sem proteção dá-se o nome de Perda Auditiva Induzida por Ruídos (PAIR). Um trabalhador exposto por mais de 8 horas diárias a um ruído de 85 decibéis, sem usar o EPI, compromete seriamente sua audição, podendo gerar a PAIR (Perda Auditiva Induzida por Ruídos).

Em 2006, o Ministério da Saúde elaborou o “Protocolo de Complexidade Diferenciada Perda Auditiva Induzida por Ruído”, segundo o protocolo se a exposição ao ruído é súbita e intensa pode ocasionar trauma acústico, acometendo temporária ou definitivamente a audição. A intensidade capaz de causar a perda auditiva é de 120 dB. A mudança transitória de limiar (MTL) ou Temporary Treshold Shift (TTS) trata-se da minimização da acuidade auditiva, que até pode voltar ao normal, se houver um período de afastamento do ruído. A MTL começa com uma exposição a ruídos de 75 dB.

Neste post, você conhecerá os EPIs existentes para protegerem a audição contra barulhos.

Nível dos Ruídos

Se não é possível parar ou pausar o som, então use protetores auditivos. Selecione aquele que for mais adequado ao ruído a que você está exposto, porém antes de escolher defina:

• Por quanto tempo você o ouvirá diariamente?
• Esse ruído está longe ou próximo a você?
• Alto, moderado ou insuportável?
• Qual o tipo de ruído? Não para (contínuo), é produzido de vez em quando (intermitente) ou de repente (impacto)?

Além dessa definição, analise qual é o período em que você se expõe ao barulho, utilize a NR15 para estipular os limites de tolerância de ruídos contínuos ou intermitentes:

Os ruídos que passarem dos níveis de decibéis estipulados acima são de impacto. Segundo a NR15, ruído de impacto é “aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 segundo, a intervalos superiores a 1 segundo.” Sendo considerado como limite de tolerância 130 dB, no intervalo entre os picos, o ruído deve ser considerado como contínuo.

Para escolher o protetor auditivo adequado,  é necessário conhecer o nível de atenuação que ele oferece. Quando um trabalhador está exposto a diferentes níveis de ruído sem mudar seu ambiente de trabalho deve-se calcular a dose. Ela é a ponderação entre o tempo de exposição e o tempo limite permitido segundo a tabela da NR15. Calma, já existe um instrumento chamado audiodosímetro que faz o trabalho e dá o resultado da dose. Que bom, não é mesmo? De posse da dose subtrai-se o nível máximo de ruído permitido. Por exemplo: a dose resultou em um ruído de 100 decibéis e o limite de tolerância é de 85 dB para 8 horas, por isso será necessário usar um protetor que atenue 15 dB. A formula é: dose – nível permitido = atenuação.

Também existe a fórmula direta elaborada pelo ANSI – Instituto Americano de Padrões Nacionais (tradução informal de American National Standards Institute):

NPSc => NPSa – NRRsf

• NPSC é o nível de pressão sonora com proteção (dBA)
• NPSa é o nível de pressão sonora do ambiente (dBA)
• NRRsf é o nível de redução do ruído (dB).

Pronto, agora é a hora de conhecer os protetores auditivos, vamos em frente?

Protetores Auditivos

Protetores auditivo circum-auricular

• Concha/Abafador: esse protetor possui dois abafadores de som em forma de conhas que devem ser colocadas ao redor das orelhas, se adapta à cabeça do usuário, pois tem duas hastes ajustáveis em forma de arco. Os abafadores são de espuma a fim de absorver e atenuar ruídos superiores a 20 dB.
• Concha especial: são protetores com filtros acústicos ou eletrônicos, permitem que os níveis sonoros da voz humana passem.
• Protetor auditivo tipo capa de canal: formado por hastes flexíveis e resistentes. Pode-se utilizá-lo atrás da cabeça ou sob o queixo, os plugs são substituíveis e confeccionados em espuma.
• Capacete e protetor auricular: há um capacete já acoplado ao protetor auricular, possui hastes ajustáveis ao rosto do usuário. Atenua 23 decibéis.

Protetores auditivos de inserção

Esses protetores são inseridos no ouvido para atenuar o ruído.

• Espuma Moldável: são plugs confeccionados em espuma a serem inseridos no ouvido, não possuem flanges. São leves, confortáveis e fáceis de colocação.
• Pré-Moldável: protetor de inserção, composto por três flanges de silicone cônicas, moldadas para diferentes canais auditivos, são flexíveis. Podem ser lavadas, o que permite a reutilização do EPI. Possui cordão de tecido sintético ou silicone. O cordão de silicone é recomendado para proteger o trabalhador que lida com agentes biológicos, por exemplo, na assistência à saúde. Já o de tecido é ideal para utilização em atividades de construção civil, manutenção de prédios etc. Atenua mais de 17 dB.

Já os protetores auditivos semiauriculares protegem o sistema auditivo contra os níveis estabelecidos na NR15.

Problemas não-auditivos da PAIR

A PAIR também desencadeia outros problemas à saúde do trabalhador como, por exemplo, irritação, nervoso, cefaleia, insônia, alterações circulatórias, alteração da visão, alterações gastrointestinais entre outros que o Ministério da Saúde relacionou no “Protocolo de Complexidade Diferenciada Perda Auditiva Induzida por Ruído”

Como é possível verificar, a perda auditiva não aparece sozinha, os demais sintomas causam muito transtorno à vida. Por isso, use sempre seu EPI.

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