Fumos metálicos: guia técnico para controle de riscos ocupacionais

Close de um soldador profissional protegido com máscara de solda gerando uma nuvem de fumos de solda ao unir uma flange metálica.

O controle eficaz dos riscos dos fumos de solda se baseia em uma abordagem integrada de 3 pilares principais: 1) Controles de engenharia (EPCs): priorizar a instalação de sistemas de ventilação e exaustão localizada (VEL) para capturar os fumos diretamente na fonte, antes que atinjam a zona respiratória do trabalhador. 2) Medidas administrativas: implementar um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) robusto, que inclua monitoramento da exposição, treinamento da equipe e um Programa de Controle Médico (PCMSO) específico. 3) Equipamentos de Proteção Individual (EPIs): fornecer o respirador adequado (mínimo PFF2) como a última barreira de defesa, garantindo o uso, a manutenção e a troca de filtros corretamente.

O reconhecimento dos fumos de solda como agente carcinogênico do Grupo 1 pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) consolidou uma preocupação técnica em uma prioridade de gestão inadiável para a indústria.

Para o profissional de saúde e segurança do trabalho, a gestão deste risco transcende a conformidade legal, tornando-se uma alavanca estratégica de grande impacto financeiro. A exposição descontrolada aos fumos de solda afeta diretamente o Fator Acidentário de Prevenção (FAP), um multiplicador que varia de 0,50 a 2,00 sobre a alíquota RAT. Na prática, um histórico de acidentalidade elevado nos últimos dois anos pode fazer com que a empresa pague até o dobro da contribuição, um custo que pode e deve ser gerenciado através de uma prevenção eficaz.

Este guia foi estruturado para ser uma ferramenta técnica e um aliado estratégico. Aqui, detalhamos desde a caracterização química dos fumos de solda e os riscos cientificamente comprovados até as soluções práticas e o marco regulatório aplicável, fornecendo os argumentos necessários para a implementação de um programa de prevenção robusto e eficaz.

Caracterização técnica dos fumos de solda

Definição e processo de formação dos fumos metálicos

Os fumos metálicos são aerossóis tecnicamente definidos como partículas sólidas finas, suspensas no ar, geradas pela condensação de vapores de metal. Uma das suas formas mais comuns e perigosas no ambiente industrial são os fumos de solda, que surgem especificamente no contexto da soldagem. Neste processo, o calor intenso do arco elétrico ou da chama vaporiza a extremidade do consumível e partes do metal de base. Esse vapor, ao entrar em contato com o ar mais frio, se condensa e oxida rapidamente, formando as partículas ultrafinas que compõem a pluma de fumos.

Composição química: principais agentes nocivos identificados

A composição exata dos fumos de solda é complexa e varia significativamente conforme o processo de soldagem e os materiais utilizados. Os principais agentes nocivos identificados incluem:
  • Metais: Manganês (Mn), Cromo (Cr), com destaque para o Cromo Hexavalente (Cr(VI)), Níquel (Ni), Ferro (Fe), Cobre (Cu), Alumínio (Al), Zinco (Zn), Chumbo (Pb) e Cádmio (Cd).
  • Gases: Ozônio (O3), formado pela interação da Radiação Ultravioleta com o Oxigênio, Óxidos de Nitrogênio (NOx) e Monóxido de Carbono (CO).

Taxa de emissão por processo de soldagem (MIG, MAG, TIG, eletrodo)

A taxa de geração de fumos (TGF) é um fator crítico na avaliação do risco e não é a mesma para todos os processos. Processos como a soldagem com eletrodo revestido (SMAW) e com arame tubular (FCAW) são conhecidos por terem uma alta taxa de emissão. A soldagem MIG/MAG (GMAW) apresenta uma taxa intermediária, enquanto a soldagem TIG (GTAW) gera uma quantidade significativamente menor de fumos, embora ainda produza gases perigosos como ozônio e óxidos de nitrogênio.

Diferencial entre fumos de soldagem e fumos de corte (plasma/oxicorte)

Embora ambos os processos gerem fumos metálicos, a composição e a taxa de emissão podem variar. O corte a plasma, por exemplo, opera em temperaturas extremamente altas e pode gerar uma quantidade maior de fumos e óxidos de nitrogênio em comparação com alguns processos de soldagem. A avaliação de risco deve, portanto, considerar a especificidade de cada operação, seja ela de união ou de corte de metais.

Impactos na saúde ocupacional: evidências científicas e riscos comprovados

A reclassificação da IARC de 2017: fumos de solda como carcinogênicos confirmados

Um marco na percepção de risco ocorreu em 2017, quando um painel de 17 cientistas de 10 países, reunido pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), reclassificou os fumos de solda. Com base em “evidências suficientes” em humanos, eles foram elevados do Grupo 2B (“possivelmente carcinogênico”) para o Grupo 1 (“carcinogênico para humanos”), confirmando sua ligação causal com o câncer de pulmão.

É crucial entender que esta classificação é universal, aplicando-se a todos os tipos de fumos de solda, independentemente do processo ou metal utilizado. Simultaneamente a esta reavaliação, a radiação ultravioleta (UV) emitida durante a soldagem também foi classificada no Grupo 1 como carcinogênica para humanos.

Doenças respiratórias crônicas

Siderose (pulmão do soldador): sinais, sintomas e progressão

A Siderose, também conhecida como “pulmão de soldador”, é uma pneumoconiose causada pelo acúmulo de partículas de Óxido de Ferro nos pulmões. Geralmente, são necessários ao menos 5 anos de exposição para que as primeiras alterações se tornem visíveis em exames radiológicos.

Em exames de imagem, como a tomografia computadorizada (TC), a Siderose se manifesta tipicamente como micronódulos mal definidos, muitas vezes com localização centrolobular. Embora seja considerada uma condição benigna que não costuma causar sintomas graves, exposições muito prolongadas podem levar a complicações respiratórias, sendo a Silicose o principal diagnóstico diferencial a ser considerado pela equipe médica.

DPOC e fibrose pulmonar em soldadores

A exposição contínua a irritantes pulmonares, como os fumos de solda, é um fator de risco conhecido para o desenvolvimento da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), uma condição inflamatória grave que dificulta a respiração e pode levar à incapacidade.

Câncer de pulmão e rim: correlação estatística

Além do câncer de pulmão, estudos apontam para uma correlação estatística entre a exposição a certos metais presentes nos fumos (como o cádmio) e um risco aumentado de desenvolvimento de câncer nos rins.

Manganismo: neurotoxicidade e sintomas semelhantes ao Parkinson

O Manganismo é uma doença neurológica grave e irreversível causada pela exposição crônica a fumos contendo Manganês. Embora seus sintomas sejam frequentemente comparados aos da Doença de Parkinson, existem diferenças diagnósticas cruciais que o profissional de saúde ocupacional deve conhecer para uma avaliação precisa.

As principais distinções são: o tremor de repouso é menos frequente no Manganismo, há maior propensão a quedas para trás e a distonia (contrações musculares involuntárias) é mais comum. Além disso, uma diferença notável é a falha na resposta terapêutica à Levodopa, principal medicamento usado no tratamento de Parkinson.

Febre dos fumos metálicos: quadro agudo e tratamento

A Febre dos Fumos Metálicos é uma síndrome aguda, semelhante a uma gripe, que pode se manifestar de 4 a 24 horas após a exposição a altas concentrações de fumos, principalmente de Óxido de Zinco (comum na soldagem de aço galvanizado).

Os principais sintomas incluem:

  • Febre e calafrios
  • Dores musculares, fraqueza e cansaço
  • Sede e sudorese
  • Um característico sabor metálico na boca

Uma particularidade importante desta condição é o desenvolvimento de tolerância temporária. Este fenômeno pode fazer com que os sintomas diminuam com exposições contínuas durante a semana, mas retornem de forma intensa após uma pausa, como um fim de semana.

O tratamento consiste no afastamento da exposição, com a recuperação completa geralmente ocorrendo entre 12 a 48 horas em um ambiente limpo.

Outras manifestações: dermatites, alergias e problemas reprodutivos

A exposição aos fumos metálicos também pode causar dermatites de contato, reações alérgicas e, em casos de exposição a metais pesados como chumbo e cádmio, há evidências de impactos negativos sobre o sistema reprodutivo.

Marco regulatório nacional: NRs aplicáveis à gestão de fumos metálicos

NR 1: o PGR no inventário de riscos e plano de ação

A NR1 estabelece a obrigatoriedade do programa de gerenciamento de riscos (PGR). Para fumos de solda, isso significa que a empresa deve identificar o perigo, avaliar o risco e, crucialmente, criar um plano de ação com medidas de controle para eliminar ou reduzir a exposição.

NR 6: seleção técnica de EPIs para proteção respiratória

A NR6 regulamenta o uso de Equipamentos de Proteção Individual. A seleção do respirador correto, com o filtro apropriado para partículas, é uma das últimas etapas na hierarquia de controle, mas fundamental quando a exposição não pode ser eliminada na fonte.

NR 9: metodologia de avaliação ambiental (qualitativa e quantitativa)

A NR9 define os requisitos para a avaliação das exposições ocupacionais a agentes químicos. É a norma que orienta como devem ser feitas as avaliações qualitativas e quantitativas no ambiente de trabalho para determinar o nível de exposição dos soldadores.

NR 15: limites de tolerância e caracterização de insalubridade

A NR15 e seus anexos estabelecem os limites de tolerância para a exposição a diversos agentes químicos presentes nos fumos de solda. Ultrapassar esses limites caracteriza a atividade como insalubre, gerando o direito ao adicional correspondente.

Hierarquia de controle: estratégias integradas de prevenção

Nível 1: eliminação e substituição de processos

A medida mais eficaz é sempre eliminar o risco. Isso pode envolver a reengenharia de um produto para que não necessite de solda ou a substituição de um processo que gera muitos fumos por outro com menor emissão, como a soldagem TIG em vez de eletrodo revestido, quando tecnicamente viável.

Nível 2: controles de engenharia (EPCs)

Ventilação local exaustora (VEL): dimensionamento e especificação técnica

A VEL é a solução de engenharia mais importante. Consiste em sistemas como braços extratores que capturam a pluma de fumo diretamente na fonte, antes que ela atinja a zona respiratória do trabalhador.

Sistemas de filtragem e captação na fonte

Estes sistemas incluem tochas de solda com extração integrada, mesas de corte aspiradas e coletores de fumos portáteis, que filtram o ar e devolvem-no limpo ao ambiente.

Nível 3: medidas administrativas e organizacionais

Incluem o rodízio de funções para diminuir o tempo de exposição individual, a manutenção preventiva rigorosa dos sistemas de exaustão e, principalmente, o treinamento contínuo da equipe sobre os riscos e os procedimentos seguros.

Nível 4: Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)

Análise comparativa: respiradores PFF2 vs. peça facial inteira

A escolha do respirador depende da concentração do contaminante. Em muitos cenários, um respirador tipo PFF2 (peça semifacial filtrante) é adequado. Em ambientes de alta concentração, pode ser necessária uma peça facial inteira com filtros substituíveis ou sistemas com suprimento de ar.

Protocolo de uso, manutenção e substituição de filtros

De nada adianta o melhor respirador se não houver um protocolo claro para o seu uso correto, armazenamento, higienização e, crucialmente, a substituição dos filtros conforme a saturação e as recomendações do fabricante.

Avaliação e monitoramento da exposição ocupacional

Estratégia de amostragem baseada na NHO-08 da Fundacentro

A Norma de Higiene Ocupacional NHO-08 da Fundacentro é a principal referência técnica no Brasil para a coleta de material particulado sólido suspenso no ar, incluindo os fumos metálicos. Seguir rigorosamente este procedimento é fundamental para obter dados quantitativos confiáveis sobre o nível de exposição dos trabalhadores, diferenciando as frações relevantes (total, inalável e respirável).

A metodologia envolve o uso de amostradores específicos, como o ciclone ou o IOM, conectados a uma bomba de amostragem individual devidamente calibrada. As vazões de coleta são precisas, como:

  • 1,7 L/min para o ciclone Dorr-Oliver (fração respirável).
  • 2,2 L/min para o ciclone Higgins-Dewell (fração respirável).

Após a coleta em campo, as amostras são enviadas para análise laboratorial, onde métodos como a espectrometria de emissão atômica com plasma indutivamente acoplado (ICP-AES) são preferenciais para determinar a massa de cada metal presente.

Avaliação quantitativa: metodologia analítica por metal

Após a coleta, as amostras são enviadas para análise laboratorial para determinar a concentração de cada metal específico (manganês, cromo etc.), permitindo uma avaliação precisa do risco.

Interpretação de resultados: limites da NR 15 vs. limites da ACGIH

Os resultados são comparados com os limites de tolerância da NR15. Profissionais de SST de alto nível também utilizam como referência os limites da ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists), que são frequentemente mais restritivos e atualizados com base nas últimas pesquisas científicas.

Simulação computacional como ferramenta de predição

Ferramentas de modelagem matemática, como o IH Mod 2.0, podem ser usadas para prever a exposição em diferentes cenários, ajudando a projetar sistemas de ventilação e a avaliar a eficácia das medidas de controle antes de sua implementação.

PCMSO para expostos a fumos de solda: protocolo de controle médico

Exames admissionais: avaliação respiratória de base

Antes de iniciar a atividade, é crucial realizar exames como a espirometria para estabelecer uma condição de base da função pulmonar do trabalhador.

Exames periódicos: protocolo de monitoramento por risco

O programa de controle médico de saúde ocupacional (PCMSO) deve prever exames periódicos específicos para monitorar os efeitos da exposição aos fumos, como a já citada espirometria e avaliações clínicas.

Exames complementares específicos (Radiografia de Tórax OIT, Espirometria)

Em determinados casos, exames de imagem como a Radiografia de Tórax com leitura padrão da organização internacional do trabalho (OIT) podem ser necessários para investigar suspeitas de doenças pulmonares ocupacionais.

Critérios de aptidão e restrições para soldadores com DPOC

O PCMSO deve estabelecer critérios claros para a aptidão ao trabalho, definindo se um trabalhador com uma condição pulmonar preexistente, como a DPOC, pode continuar na função ou se necessita de restrições ou remanejamento.

Aspectos previdenciários e trabalhistas

Aposentadoria especial: requisitos e documentação (PPP e LTCAT)

A exposição a agentes químicos como os fumos de solda é um fator que pode dar direito à aposentadoria especial. A comprovação, no entanto, depende de uma documentação técnica rigorosa, principalmente o Laudo Técnico das Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT) e o Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP).

É crucial atentar-se aos detalhes no preenchimento destes documentos. Por exemplo, no campo 15.7 do PPP, é obrigatório o preenchimento correto com “S” (Sim) ou “N” (Não) para a exposição ao agente nocivo. Além disso, a legislação previdenciária possui marcos temporais importantes: para períodos de trabalho após 6 de março de 1997, a simples menção de “fumos” não é suficiente, sendo obrigatória a especificação do agente químico exato presente nos fumos.

Outro ponto de atenção é a discussão sobre a eficácia do EPI, onde a jurisprudência atual exige que a empresa não apenas forneça o equipamento, mas comprove sua real eficácia na neutralização do risco. Para se aprofundar em todos os detalhes, regras e documentos necessários para este processo, consulte nosso guia completo sobre soldagem e aposentadoria especial.

Adicional de insalubridade: a relação entre grau máximo e controles eficazes

A caracterização da insalubridade, conforme a NR15, gera o direito ao adicional. No entanto, a implementação de medidas de controle coletivo eficazes que mantenham a exposição abaixo do nível de tolerância pode eliminar a condição insalubre.

Nexo causal: como estabelecer doenças ocupacionais

Para que uma doença seja considerada ocupacional, é necessário estabelecer o nexo causal, ou seja, a ligação direta entre a doença e a atividade laboral, o que geralmente envolve laudos médicos e avaliações ambientais detalhadas.

Boas práticas operacionais para soldadores

Posicionamento em relação à pluma de fumos

A principal boa prática é a mais simples: sempre que possível, o soldador deve se posicionar de forma que sua cabeça fique fora e acima da pluma de fumos gerada pela solda.

Protocolo de higiene ocupacional (banho, troca de roupas)

É fundamental que os trabalhadores troquem de roupa e tomem banho ao final do turno para evitar a contaminação de seus lares e famílias com partículas metálicas que podem ficar aderidas às roupas e à pele.

Manutenção preventiva de equipamentos de exaustão

Os sistemas de exaustão só são eficazes se estiverem funcionando perfeitamente. Um cronograma de manutenção preventiva, com checagem de filtros e dutos, é essencial.

FAQ técnico: dúvidas frequentes

A gestão de riscos ambientais envolve muitas dúvidas técnicas e pontuais. Para facilitar o seu dia a dia e consolidar o conhecimento, reunimos aqui as perguntas mais frequentes enviadas por Profissionais de SST e soldadores, com respostas diretas e baseadas em normas para auxiliar na sua tomada de decisão.

O que a fumaça de solda pode causar?

Pode causar desde irritações agudas, como a febre dos fumos metálicos, até doenças crônicas graves como DPOC, manganismo (danos neurológicos) e câncer de pulmão.

Qual a insalubridade para soldadores?

A insalubridade é caracterizada quando a exposição aos agentes químicos dos fumos de solda ultrapassa os limites de tolerância definidos na NR-15, podendo variar em grau dependendo dos agentes presentes.

Qual EPI para fumos metálicos?

O principal EPI é o respirador com filtro para partículas (mínimo PFF2). Além disso, a proteção deve incluir máscara de solda, luvas, avental e outras vestimentas de raspa para proteger contra o calor e respingos associados ao processo.

Quem tem DPOC pode trabalhar com solda?

A decisão depende de uma avaliação médica criteriosa dentro do PCMSO. Em muitos casos, a função é contraindicada ou exige restrições severas e um controle ambiental extremamente rigoroso para evitar o agravamento da doença.

Quais os riscos ocupacionais para soldadores?

Os riscos incluem os químicos (fumos), físicos (calor, radiação, ruído), ergonômicos (posturas inadequadas) e de acidentes (choques, quedas, incêndios).

Quais os EPIs para soldador?

A proteção completa exige um conjunto de equipamentos detalhados em nosso guia completo sobre EPI para soldador.

Fumos de solda são cancerígenos?

Sim. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classifica os fumos de solda como carcinogênicos do Grupo 1, confirmando sua ligação com o câncer.

Como preencher corretamente o PPP para soldadores expostos a fumos?

O preenchimento do perfil profissiográfico previdenciário (PPP) deve ser baseado nos dados do laudo técnico (LTCAT), detalhando os agentes químicos presentes, a intensidade e concentração da exposição, e as medidas de controle eficazes existentes no período trabalhado.

Qual a diferença entre fumos de soldagem e fumos de corte a plasma?

Embora ambos sejam fumos metálicos, o corte a plasma opera em temperaturas mais altas, o que pode gerar uma maior concentração de fumos e gases como óxidos de nitrogênio, exigindo uma avaliação de risco específica para o processo.

Respirador PFF2 é suficiente para todos os tipos de solda?

Não necessariamente. A PFF2 é o mínimo recomendado para partículas. Dependendo da concentração do contaminante e da presença de gases, pode ser necessário um respirador PFF3 ou até mesmo um sistema de ar mandado ou peça facial inteira. A escolha deve ser baseada no PGR da empresa.

Como realizar a amostragem de fumos seguindo a NHO-08?

A amostragem, conforme a NHO-08 da Fundacentro, envolve o uso de um amostrador (ciclone ou IOM) conectado a uma bomba de amostragem calibrada, posicionado na zona respiratória do trabalhador durante a jornada de trabalho para coletar as partículas para análise laboratorial posterior.

O que fazer se minha empresa não fornece um sistema de exaustão?

Esta é uma situação de risco grave. A primeira ação é reportar formalmente a condição insegura ao seu superior, ao Profissional de SST da empresa ou à CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). A ausência de um EPC necessário é uma não conformidade com as NRs. Se a empresa não tomar providências, o próximo passo é buscar orientação junto ao sindicato da sua categoria ou, em última instância, fazer uma denúncia anônima ao Ministério do Trabalho.

Além da conformidade: rumo a uma cultura de prevenção

A gestão de fumos de solda deixou de ser uma questão de simples conformidade para se tornar uma disciplina de gestão de risco complexa e multidisciplinar. Como vimos neste guia, proteger uma equipe de forma eficaz exige um conhecimento que integra o diagnóstico técnico (da composição química à amostragem NHO-08), o controle médico (PCMSO), a estratégia de engenharia (a hierarquia de controles) e o domínio do marco regulatório e previdenciário.

Acreditamos que o conhecimento se fortalece na troca de experiências. Este guia cobriu a teoria e as melhores práticas, mas a sua realidade na indústria pode trazer um desafio único. Qual é o maior obstáculo que você enfrenta na implementação da hierarquia de controle para fumos de solda na sua operação? A sua perspectiva é valiosa para todos os profissionais da área. Vamos continuar essa conversa nos comentários.

A aplicação correta da hierarquia de controle é a sua responsabilidade como gestor. Quando a sua análise de risco aponta para a necessidade da última e mais importante barreira – o Equipamento de Proteção Individual – a escolha do produto certo é crítica. É neste ponto que a expertise de quem fabrica faz a diferença. A Zanel, como especialista em EPIs de Raspa e Vaqueta, está à disposição para ajudar você a especificar as Luvas e Vestimentas com a performance e a durabilidade que sua operação exige. Fale com nossa equipe e garanta a melhor proteção para sua equipe! Grande abraço e até o próximo conteúdo!

Grande abraço e até o próximo conteúdo.

Fernando Zanelli
Reconhecido como um dos maiores especialistas do Brasil em EPIs de Raspa e Vaqueta, acumula mais de 25 anos de experiência prática e aprofundada em toda a cadeia produtiva: do curtimento do couro à entrega do produto final.

Pontos chave deste guia técnico

  • Risco comprovado: os fumos de solda são classificados como carcinogênicos do Grupo 1 pela IARC, o que exige tratamento como um risco prioritário e não secundário, impactando diretamente a saúde do trabalhador.
  • A hierarquia é inegociável: a prevenção eficaz começa com os Controles de Engenharia (exaustão na fonte). O EPI (respirador) é a última e indispensável barreira, mas nunca deve ser a primeira ou a única solução implementada.
  • Impacto no negócio: a gestão correta dos fumos de solda afeta diretamente os custos da empresa (via FAP) e é fundamental para a conformidade com as NRs (1, 9, 15) e para a documentação de aposentadoria especial (PPP, LTCAT).
  • Gestão baseada em dados: o controle eficaz depende de uma avaliação técnica precisa, seguindo metodologias como a NHO-08 da Fundacentro, e de um monitoramento médico contínuo através de um PCMSO específico para os riscos.

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Comentários

Respostas de 20

  1. Bom dia, Ótima matéria eu sabia que a profissão de soldador tinha riscos mais não imaginava que eram tantos riscos que podemos considerar graves. Parabéns

  2. Parabéns amigo por falar disso , muitos não tem o devido cuidado com isso ,por falta de informação assim como eu faço e agora em diante vou mudar minha forma de trabalho. Vida temos só uma né… vamos cuidar dela …Parabéns Deus abençoe… abraço

  3. Muito boa essa publicação. No ambiente onde eu trabalho, não existe nenhum tipo de exaustor. O que posso fazer a respeito? A fábrica não colocaria de jeito nenhum

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