Riscos psicossociais no trabalho: quais são e como preveni-los

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A saúde ocupacional é um dos pilares mais importantes dentro das organizações, pois impacta diretamente no bem-estar dos trabalhadores e, consequentemente, nos resultados da empresa.

Entre os diversos riscos existentes, os riscos psicossociais no trabalho têm ganhado destaque nos últimos anos, devido ao crescente número de casos de doenças relacionadas a esse tipo de fator.

Neste artigo, vamos explicar o que são esses riscos, como a NR-1 trata o tema, suas causas, consequências, e, principalmente, como prevenir essas situações.

Continue a leitura e confira em detalhes!

O que são riscos psicossociais?

Os riscos psicossociais no trabalho são fatores que podem afetar variados níveis de saúde mental e emocional dos trabalhadores. Eles estão diretamente relacionados ao ambiente de trabalho, às condições laborais e às relações interpessoais dentro da empresa.

São situações que se não gerenciadas corretamente, podem resultar em transtornos psicológicos, como estresse, ansiedade, burnout e depressão, além de prejudicar a qualidade de vida do trabalhador.

Pensando nesse cenário, podemos dar o seguinte exemplo: um soldador em uma indústria metalúrgica trabalha sob forte pressão para cumprir prazos apertados, lidando diariamente com calor intenso, ruído e a necessidade de máxima precisão no serviço.

Além do ambiente físico desgastante, ele sofre com uma carga excessiva de trabalho, sendo constantemente solicitado para fazer horas extras sem planejamento. Outro agravante é o ambiente marcado por uma liderança autoritária, onde qualquer erro é punido com críticas duras e a exposição apresentada pela equipe.

E ainda, a comunicação com os supervisores é limitada e não existe espaço para sugestões ou reclamações. Diante disso, o soldador começa a sentir sintomas de estresse crônico, como insônia, irritabilidade e fadiga extrema, afetando sua concentração e aumentando o risco de acidentes de trabalho.

Com o tempo, ele perde a motivação e desenvolve sinais de burnout, impactando não só sua saúde, mas também a qualidade do trabalho e a segurança da equipe. Esse é um caso clássico de risco psicossocial, relacionado a fatores organizacionais e emocionais voltados para o adoecimento do trabalhador.

O que diz a NR-1 sobre os riscos psicossociais?

A Norma Regulamentadora NR-1, que estabelece as disposições gerais sobre a segurança e saúde no trabalho, na sua última atualização começou a abordar a questão dos riscos psicossociais diante no cenário preocupante da nossa sociedade, que adoece cada vez mais devido a esses fatores.

Embora não haja um capítulo específico sobre o tema, a NR-1 enfatiza a necessidade de as empresas implementarem programas de prevenção, que envolvam a identificação, a avaliação e a gestão de todos os riscos que possam afetar a saúde dos trabalhadores, incluindo os psicossociais.

De acordo com a norma, a prevenção e a mitigação desses riscos são responsabilidade do empregador, que deve garantir condições de trabalho seguras e saudáveis. Ou seja: é obrigação das empresas se preocupar não somente com a saúde física dos trabalhadores, mas também com os aspectos mentais.

Quais são os riscos psicossociais no trabalho?

Os riscos psicossociais no trabalho podem ser causados ​​por uma série de fatores que envolvem a organização do trabalho, a carga de tarefas e as relações interpessoais no ambiente de trabalho.

Alguns dos principais riscos incluem:

  • Excesso de carga de trabalho: a sobrecarga de tarefas e a pressão por resultados podem causar estresse e ansiedade no trabalhador.
  • Ambiente de trabalho hostil: relações tensas entre colegas e superiores, além de atitudes discriminatórias e assédio moral, podem levar a um ambiente de trabalho tóxico.
  • Falta de controle sobre as atividades: quando os trabalhadores não têm autonomia para organizar suas tarefas, isso pode gerar frustração e ansiedade.
  • Falta de segurança no ambiente de trabalho: a ausência de EPIs e EPCs adequados para a execução das tarefas pode causar desconforto e insegurança nos funcionários.
  • Falta de reconhecimento: a ausência de feedback positivo e a valorização do trabalho realizado podem afetar a autoestima dos trabalhadores.
  • Trabalho monótono e repetitivo: a falta de variação nas tarefas diárias pode levar à sensação de desmotivação e esgotamento mental.

Quais são as principais causas dos riscos psicossociais?

As causas dos riscos psicossociais no trabalho são multifacetadas e podem envolver tanto fatores organizacionais quanto individuais. Entre as principais causas estão:

  • Alta demanda e baixa autonomia: trabalhar sob alta pressão, com prazos apertados e poucas possibilidades de decisão, é um dos maiores fatores de risco.
  • Insegurança no emprego: a falta de estabilidade no emprego pode gerar ansiedade constante nos trabalhadores.
  • Conflitos interpessoais: desentendimentos e conflitos com colegas ou superiores podem afetar a saúde mental dos funcionários.
  • Falta de apoio social: a ausência de uma rede de apoio dentro da empresa pode fazer com que o trabalhador se sinta isolado e sobrecarregado.
  • Ambiente físico inadequado: ambientes de trabalho mal específicos, sem iluminação adequada ou com risco de acidentes, também podem contribuir para o estresse e outros problemas emocionais.

Quais são as principais consequências dos riscos psicossociais no trabalho?

As consequências dos riscos psicossociais não se limitam apenas ao bem-estar do trabalhador, mas também podem afetar a produtividade e a saúde organizacional. Alguns dos impactos incluem:

  • Doenças mentais: nesse caso, estresse, depressão, ansiedade e burnout são as condições mais comuns causadas pelos riscos psicossociais.
  • Diminuição da produtividade: trabalhadores que sofrem com problemas psicológicos tendem a ter menor desempenho e maior absenteísmo.
  • Aumento de acidentes de trabalho: o estresse e a falta de foco podem aumentar o número de acidentes, inclusive relacionados ao uso inadequado de Equipamentos de Proteção Individual, como as luvas de raspa.
  • Rotatividade de funcionários: a insatisfação no trabalho pode levar a uma alta rotatividade, que gera custos adicionais para a empresa.

Quais são os impactos na empresa provenientes dos riscos psicossociais?

As empresas que não investem na prevenção de riscos psicossociais enfrentam uma série de impactos negativos. Entre eles, destacam-se:

  • Aumento de custos com saúde ocupacional: empresas que não previnem os riscos psicossociais podem ter que arcar com custos elevados relacionados ao tratamento de doenças mentais dos trabalhadores.
  • Desgaste da imagem corporativa: empresas que não cuidam do bem-estar de seus funcionários podem sofrer com ataques da sua imagem no mercado.
  • Redução da qualidade de vida no trabalho: a falta de ação sobre os riscos psicossociais contribui para um ambiente de trabalho insustentável, o que pode gerar insatisfação, desmotivação e baixa produtividade.
  • Impactos legais: funcionários que desenvolvem doenças ocupacionais devido à falta de gestão dos riscos psicossociais podem levar a empresa à Justiça, resultando em prejuízos legais e financeiros.

Como a empresa deve lidar com as doenças psicossociais?

Quando as doenças psicossociais já estão presentes na empresa, é essencial agir rapidamente para minimizar os danos e recuperar a saúde dos trabalhadores. Aqui estão algumas dicas práticas para lidar com essa situação.

  • Reconheça o problema e não minimize os sintomas: o primeiro passo é assumir que os funcionários estão adoecendo por conta do ambiente de trabalho. Estresse excessivo, ansiedade e esgotamento não são “frescuras”, mas sim problemas reais que afetam a produtividade e a segurança da equipe.
  • Oferecer suporte psicológico: crie um programa de apoio psicológico dentro da empresa, como atendimento com psicólogos ou parcerias com clínicas especializadas. O suporte emocional pode ajudar o trabalhador a lidar melhor com a situação.
  • Avaliar e ajustar a carga de trabalho: verifique se há excesso de demandas, jornadas exaustivas ou pressão desproporcional sobre os funcionários. Reduza a sobrecarga e redistribua tarefas de forma mais equilibrada.
  • Treine lideranças para um ambiente mais saudável: gestores e supervisores devem ser treinados para identificar sinais de desgaste emocional e adotar uma postura mais empática e colaborativa. Um líder tóxico pode ser um dos principais gatilhos para doenças psicossociais.
  • Melhore a comunicação interna: crie canais abertos para que os trabalhadores possam expressar preocupações sem medo de represálias. Encoraje feedbacks e reuniões onde todos possam falar sobre dificuldades e buscar soluções.
  • Estimule pausas e momentos de descanso: trabalhadores sob forte pressão precisam de intervalos regulares para evitar o esgotamento. Empresas que adotam políticas de descanso notam uma melhoria na produtividade e no bem-estar dos funcionários.

Como prevenir os riscos psicossociais no trabalho?

A prevenção de riscos psicossociais envolve uma abordagem proativa e abrangente que vai além da humanização da empresa, isso deve incluir ações como as descritas abaixo.

  • Identificação dos riscos: realize auditorias regulares para identificar os fatores psicossociais que podem afetar os trabalhadores. Nesse caso, pode ser usada a avaliação psicossocial.
  • Gestão da carga de trabalho: organize o fluxo de trabalho de forma equilibrada, evitando sobrecarregar os funcionários.
  • Promoção de um ambiente saudável: crie um ambiente de trabalho positivo, com comunicação aberta, apoio social e reconhecimento.
  • Promoção do bem-estar no trabalho: implemente práticas que promovam a saúde mental, como programas de qualidade de vida, yoga, mindfulness e atividades de relaxamento.
  • Investimento em segurança no trabalho: garanta que os trabalhadores estejam protegidos de riscos financeiros e psicossociais. Isso inclui o uso de EPIs, além de medidas que garantem o conforto e a saúde mental dos trabalhadores.
  • Apoio psicológico: ofereça programas de apoio psicológico, como psicólogos organizacionais, que podem ajudar os trabalhadores a lidar com problemas emocionais.
  • Capacitação de líderes: treine os gestores para que saibam identificar sinais de estresse e outros problemas emocionais nos funcionários, podendo oferecer suporte adequado.

Conclusão

Os riscos psicossociais no trabalho representam um desafio significativo para as empresas, mas, quando bem gerenciados, é possível mitigar seus riscos e garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo.

Investir na prevenção, na identificação das causas e na criação de um ambiente de apoio e reconhecimento são passos essenciais para proteger a saúde mental dos trabalhadores e evitar consequências graves para a organização.

Se você tiver alguma dúvida sobre como lidar com os riscos psicossociais ou gostaria de compartilhar sua experiência, deixe um comentário abaixo!

Estamos à sua disposição.

Abraços e até o próximo conteúdo,
Fernando Zanelli

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